quarta-feira, 9 de maio de 2012

Ninaka


Na mesa de domingo, ela mais ouvia que falava. Prestava a atenção de seus muitos anos a uma conversa que passava dos assuntos de toucador das meninas do marketing às levadices de crianças pequenas, para chegar, como sempre convém, aos problemas do mundo e nossas indispensáveis sugestões para resolve-los.


Falamos de Hollande, afinal era domingo, e da crise econômica, de mudança de rumos, da migração pelo mundo. 


Ela, japonesa, viúva de um árabe, sai dos silêncio dos seus 94 anos: acho que as pessoas deviam ter o direito de viver onde elas bem entendem. Penso no conservadorismo dos jovens do bairro onde eu morava e encaro os olhos apertados daquela pessoa moderna bem ali na minha frente.

2 comentários:

Mariana Studart disse...

Que bom poder ler seus textos de novo, Carol!

Andréa disse...

Tolerância, eis o que nos falta. Pessoas, cada vez mais, se recusam a tolerar, a respeitar. Até quando?