O primeiro é rumo ao país sonhado - e envolve todas as perdas idealizadas da saudade da pátria, da perda da convivência com a família, os amigos. Com alguma boa-vontade na utilização do googletalk, na prática sofre-se mais pelo que se espera que doa do que pela dor real.
O segundo exílio é o mais duro: não é nada disso o sofrimento, são outros. Viver a terra de exílio tal como ela é, menos imaginada, mais concreta, e sentir a dor da partida no que ela tem de passagem de tempo, falta de intimidade, estranhamentos, despertencimento. Claro que as compensações aí também são mais reais do que imaginárias: mais Canal St Martin no verão e menos torre Eiffel lotada.
Fiquei gripada esta semana. Nada grave. Espirro mil vezes ao dia e quando vou dormir parece que eu tenho uma esponja no lugar do nariz. Não adianta assoar, não consigo respirar, durmo mal. Ao mesmo tempo não me sinto suficientemente doente nem para fazer drama. Está frio. Hoje choveu. Pouco, admito - só o suficiente pra poder reclamar que choveu.
Passei os últimos cinco anos visitando o Brasil no verão - e não lembrava que, no inverno, faz fácil quinze graus. Acho um absurdo usar casaco de dia e não aguento mais me assoar, espirrar, não dormir. Lá tudo bem ficar gripado. Mas aqui? Aqui é um país exótico e tropical. Com probleminhas de corrupção mas excelente clima. A violência, o machismo estavam no contrato - mas... frio?
Tchau, país imaginado. Lá vou eu me exilar de novo.
6 comentários:
tá tão bonitinho o seu desenho!
Vc está se lamentando muito...
O melhor é vc voltar para França, parece que lá vc se sentia melhor.
Carol, voltar é difícil mesmo... Não desanima, com o tempo a gente acostuma de novo e lembra tudo que a gente ama do Brasil :-)
Beijo!
Eu só visitei, imagino vc que morou...Mas é gostoso fechar os olhos e sentir a chuvinha fina das manhãs de inverno em Paris e melhor, saber que sempre poderemos voltar...Melhoras Carol!
A vida é cheia de readaptações, não é? Seja por uma mudança de casa, cidade/país, emprego, namorado/marido. Ou ainda, quando simplesmente mudamos a forma como enxergamos o mundo.
Curta essa fase, com todas as estranhezas e incômodos que surgirem. É seu direito.
Bjos
Rsrsrsrrrss
Que absurdo! Você não pediu seu dinheiro de volta?
Que saudade de Paris onde facinho os casacos saem do armário (ou pra lá nunca voltaram), se amostram e aproveitam os 15°C em pleno mês de maio!!
Tô doida pra conhecer esse tropicalismo serrano.
Bisousão nos 4
Postar um comentário